quinta-feira, 9 de setembro de 2010

La otra Cuba


Ipojuca Pontes

No momento em que o Foro de São Paulo, a vertente da criminosa OLAS, de Fidel, trama o nosso futuro em encontros internacionais furtivos, com o objetivo de nos transformar em sub-homens, é mais do que oportuno se tomar conhecimento, pelo milagre da Internet, de filmes do porte de "A Otra Cuba".

Durante cinco dias desta semana, reuniram-se em Buenos Aires, Argentina, representantes do 16º Encontro do Foro de São Paulo, somando delegações de 21 países do continente, com o objetivo de debater e colocar em prática propostas e resoluções para se implantar, na próxima década, o Socialismo do Século XXI no espaço latino-americano (e em particular no Brasil, seu carro-chefe, com a eleição da guerrilheira Dilma Rousseff ao cargo de presidente da República).
Para quem não sabe, o Foro de São Paulo é a recriação, nos tempos atuais, da antiga OLAS (Organização Latino-americana de Solidariedade), entidade (subversiva) internacional fundada por Fidel Castro e Salvador Allende, em Havana, na metade dos anos 1960, inspirada na idéia criminosa de se abrir várias frentes de luta para libertar a América Latina da influência do "imperialismo ianque e seus comparsas opressores", no fundo, trocado em miúdos, a velha tentativa de materializar a fórmula preconizada pelo "Che" Guevara de se instalar "um, dois, três, mil Vietnãs na América Latina".
De fato, os anos 1960 foram decisivos para a propagação do modelo revolucionário cubano no espaço continental. Na prática, no entanto, embora Fidel Castro ainda permaneça à frente do poder na ilha-cárcere, a expansão do seu socialismo por meio da luta armada, conforme previsto, fracassou feio. Ou melhor, fracassou miseravelmente.
É justamente do fracasso da Revolução de Fidel que trata o bem estruturado "A otra Cuba", documentário dirigido por Orlando Jiménez-Leal e Jorge Ulla, tendo como âncoras os jornalistas exilados Valério Riva e Carlos Franqui - este último autor do livro "Retrato de Família com Fidel" e um dos homens-chave dos primeiros anos da revolução, com poderes para convocar e dispensar ministros.
O documentário em pauta, de 2 horas de duração, com formato para exibição em capítulos televisivos, representa a soma de dois anos de trabalhos empreendidos pelas produtoras SPA, SACI, R.A.I. e Guede Films.
O documentário, agora disponível no Youtube, é um painel abrangente, dividido em onze partes, evoluindo numa montagem célere, convergente e divergente, a confrontar fatos e versões que nos dão conta da ruinosa presença da revolução cubana dentro e fora da ilha-cárcere.
O relato cinematográfico começa por citar a frase de Cristóvão Colombo que distingue Cuba como "a terra mais formosa já vista pelos olhos humanos", para depois, por antagonismo, em corte seco, mostrar levas de cubanos (dez mil, de início) invadindo a Embaixada do Peru para pedir asilo.
Neste enrodilhado concêntrico, dividido em temas e subtemas, o documentário evoluí de forma objetiva e envolve plenamente o espectador. Na sua primeira parte, o rico acervo de imagens nos mostra a Cuba do ditador Fulgêncio Batista que, ao contrário do que se imagina, não era apenas a república "bananena" decantada por Fidel, mas, sim, uma nação catalogada entre as cinco potências do continente.
(De fato, em que pesem os tentáculos da violência política e da corrupção praticadas durante o governo do ex-sargento telegrafista, Cuba apresentava um padrão de vida qualificado, nele incluídos elevados índices de educação e saúde, longe de se definir apenas como o "prostíbulo da América" vulgarizado por Castro - ou pelo menos não tanto quanto a imagem projetada hoje pela ilha caribenha, transformada num "paraíso sexual" para o regozijo da ávida burguesia peninsular ibérica.
No histórico, passados os primeiros dias de entusiasmo com a vitória de "la revolución", logo o povo cubano se deu conta das mentiras de Fidel. Fuzilamentos em massa, desapropriações de terras e de empresas nacionais e estrangeiras, perseguições, prisões, falta de liberdade e de democracia são, nesta fase, os ingredientes mais corriqueiros a nutrir o revolucionário cardápio do novo ditador.
O povo, neste caldeirão efervescente, representa muito pouco. Com o passar dos tempos, sucessivas crises se instalam no seio da revolução e o "paraíso" caribenho se transforma num autêntico inferno. Os alimentos são racionados e repassados em cotas à população. Pela total incompetência dos seus dirigentes, fracassam os projetados aumentos de produção nas safras de açúcar e café. E a solução encontrada por Fidel para sair do atoleiro não poderia ser pior: transformar Cuba, localizada no quintal dos Estados Unidos, num satélite de Moscou.
Mas se o povo não tem direito a nada, os integrantes da nova classe dirigente têm todos os direitos. Como informa um dos irados depoentes do filme, "Eles (os dirigentes) navegam em limousines, bebem exaustivamente, se apropriam dos melhores palacetes, viajam, se hospedam nos bons hotéis e freqüentam os melhores restaurantes" - reproduzindo, em tudo, o esquema da famigerada nomenklatura soviética, que curtia a vida na base do vinho e da lagosta.
Vinte anos após a revolução redentora de Fidel, para fugir das filas, fome, prisões e trabalhos forçados, cerca de meio milhão de cubanos procuraram a todo custo sair do paraíso caribenho transformado em inferno. Destino: Miami, Florida, o antigo feudo dos Irmãos Moreno. Objetivo: começar vida nova.
Em menos de uma década já não se fala mais na Miami das praias e dos cassinos, mas, sim, na Miami dos cubanos, a "Little Havana" ocupada por advogados, comerciantes, artistas, operários, políticos e camponeses. No novo mundo livre, eles, os exilados de Fidel, se transformaram em presidentes de empresas, gerentes de companhias aéreas, laureados fotógrafos de Hollywood, prósperos homens de negócios, diligentes industriais. Enriquecidos pelo trabalho com dignidade, carregam nas costas a "velha Cuba", a ilha revolucionária e miserável, onde sobrevivem, às duas penas, sob o tacão dos irmãos Castro, os velhos e inesquecíveis parentes, familiares e amigos.
Em suma: no momento em que o Foro de São Paulo, a vertente da criminosa OLAS, de Fidel, trama o nosso futuro em encontros internacionais furtivos, com o objetivo de nos transformar em sub-homens, é mais do que oportuno se tomar conhecimento, pelo milagre da Internet, de filmes do porte de "A Otra Cuba". Ele funciona, no mínimo, como um necessário e vigoroso grito de alerta.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Extremismo ambiental e o neo-marxismo

Patrick Moore, Co-fundador da Greenpeace.


" A outra razão pela qual o extremismo ambiental surgiu foi o fracasso do comunismo mundial. O muro caiu, e um monte de pacifistas e ativistas políticos migraram para o movimento ambientalista trazendo seu neo-marxismo consigo. Aprenderam a usar a "lingua verde" de um jeito muito inteligente para disfarçar programas que na verdade tinham mais a ver com anticapitalismo e antiglobalização que com ecologia ou ciência".

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Falam os infames



“O ódio como fato de luta; o ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona para além das limitações naturais do ser humano e o converte em uma efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de matar. Nossos soldados tem que ser assim; um povo sem ódio não pode triunfar sobre um inimigo brutal. Há que levar a guerra até onde o inimigo a leve: a sua casa, a seus lugares de diversão, fazê-la total. Há que impedir-lhe de ter um minuto de sossego fora de seus quartéis, e ainda dentro dos mesmos: atacá-lo aonde quer que se encontre; fazê-lo sentir uma fera acossada em cada lugar que transite. Então sua moral irá decaindo”.

Ernesto “Che” Guevara, terrorista comunista nascido na Argentina, utopista e “modelo publicitário”. Mensagem à Tricontinental.


“Desejamos também render tributo à república popular de Cuba e ao camarada Fidel Castro. Cuba é, por seu tamanho, um país pequeno. Não é tão rico como o são os velhos países industriais do mundo, mas há algo pelo qual esse país se coloca muito acima da maioria dos países do mundo: é seu amor aos direitos humanos e pela liberdade”.


Nelson Mandela, presidente de África do Sul e magnata dereito-humanista mediático. Em: “Intensifiquemos la lucha”, Ed. Letra Buena, 1991.



“Pode ocorrer o caso de que a revolução tenha que ser violenta... esta violência é perfeitamente justificada... Estamos submetidos a um sistema no qual não podemos ser bons... Somente com a abolição deste sistema é que podem se realizar os bons instintos do homem”.


Ernesto Cardenal, padre apóstata marxista, ministro do governo sandinista nicaragüense. “Primer Encuentro de Cristianos por el Socialismo”, Santiago do Chile, abril de 1972.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Uma perfeita definição de Lula


"Esse homem [LULA] é de uma penosa fragilidade intelectual. Continua sendo um sindicalista, preso à superstição da luta de classes. Não entende nenhum assunto complexo, carece de capacidade de fixar atenção, tem lacunas culturais terríveis e por isso aceita a análise dos marxistas radicais que lhe explicam a realidade, como um combate entre bons e maus”.

Carlos Alberto Montaner, escritor cubano, reproduzindo a definição sobre LULA, que ouviu de um seu par latino-americano.


terça-feira, 15 de junho de 2010

O ex-covarde

Nélson Rodrigues


Entro na redação e o Marcelo Soares de Moura me chama. Começa: - "Escuta aqui, Nélson. Explica esse mistério." Como havia um mistério, sentei-me. Ele começa: - "Você, que não escrevia sobre política, por que é que agora só escreve sobre política?" Puxo um cigarro, sem pressa de responder. Insiste: - "Nas suas peças não há uma palavra sobre política. Nos seus romances, nos seus contos, nas suas crônicas, não há uma palavra sobre política. E, de repente, você começa suas "confissões". É um violino de uma corda só. Seu assunto é só política. Explica: - Por quê?"

Antes de falar, procuro cinzeiro. Não tem. Marcelo foi apanhar um duas mesas adiante. Agradeço. Calco a brasa do cigarro no fundo do cinzeiro. Digo: - "É uma longa história." O interessante é que outro amigo, o Francisco Pedro do Couto, e um outro, Permínio Ásfora, me fizeram a mesma pergunta. E, agora, o Marcelo me fustigava: - "Por quê?" Quero saber: - "Você tem tempo ou está com pressa?" Fiz tanto suspense que a curiosidade do Marcelo já estava insuportável.

Começo assim a "longa história": - "Eu sou um ex-covarde." O Marcelo ouvia só e eu não parei mais de falar. Disse-lhe que, hoje, é muito difícil não ser canalha. Por toda a parte, só vemos pulhas. E nem se diga que são pobres seres anônimos, obscuros, perdidos na massa. Não. Reitores, professores, sociólogos, intelectuais de todos os tipos, jovens e velhos, mocinhas e senhoras. E também os jornais e as revistas, o rádio e a tv. Quase tudo e quase todos exalam abjeção.

Marcelo interrompe: - "Somos todos abjetos?" Acendo outro cigarro: - "Nem todos, claro." Expliquei-lhe o óbvio, isto é, que sempre há uma meia dúzia que se salve e só Deus sabe como. "Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo." E por que essa massa de pulhas invade a vida brasileira? Claro que não é de graça nem por acaso.

O que existe, por trás de tamanha degradação, é o medo. Por medo, os reitores, os professores, os intelectuais são montados, fisicamente montados, pelos jovens. Diria Marcelo que estou fazendo uma caricatura até grosseira. Nem tanto, nem tanto. Mas o medo começa nos lares, e dos lares passa para a igreja, e da igreja passa para as universidades, e destas para as redações, e daí para o romance, para o teatro, para o cinema. Fomos nós que fabricamos a "Razão da Idade". Somos autores da impostura e, por medo adquirido, aceitamos a impostura como a verdade total.

Sim, os pais têm medo dos filhos, os mestres dos alunos. o medo é tão criminoso que, outro dia, seis ou sete universitários curraram uma colega. A menina saiu de lá de maca, quase de rabecão. No hospital, sofreu um tratamento que foi quase outro estupro. Sobreviveu por milagre. E ninguém disse nada. Nem reitores, nem professores, nem jornalistas, nem sacerdotes, ninguém exalou um modestíssimo pio. Caiu sobre o jovem estupro todo o silêncio da nossa pusilanimidade.

Mas preciso pluralizar. Não há um medo só. São vários medos, alguns pueris, idiotas. O medo de ser reacionário ou de parecer reacionário. Por medo das esquerdas, grã-finas e milionários fazem poses socialistas. Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário. É o medo que faz o Dr. Alceu renegar os dois mil anos da Igreja e pôr nas nuvens a "Grande Revolução" russa. Cuba é uma Paquetá. Pois essa Paquetá dá ordens a milhares de jovens brasileiros. E, de repente, somos ocupados por vietcongs, cubanos, chineses. Ninguém acusa os jovens e ninguém os julga, por medo. Ninguém quer fazer a "Revolução Brasileira". Não se trata de Brasil. Numa das passeatas, propunha-se que se fizesse do Brasil o Vietnã. Por que não fazer do Brasil o próprio Brasil? Ah, o Brasil não é uma pátria, não é uma nação, não é um povo, mas uma paisagem. Há também os que o negam até como valor plástico.

Eu falava e o Marcelo não dizia nada. Súbito, ele interrompe: - "E você? Por que, de repente, você mergulhou na política?" Eu já fumara, nesse meio-tempo, quatro cigarros. Apanhei mais um: - "Eu fui, por muito tempo, um pusilânime como os reitores, os professores, os intelectuais, os grã-finos etc, etc. Na guerra, ouvi um comunista dizer, antes da invasão da Rússia: - "Hitler é muito mais revolucionário do que a Inglaterra." E eu, por covardia, não disse nada. Sempre achei que a história da "Grande Revolução", que o Dr. Alceu chama de "o maior acontecimento do século XX", sempre achei que essa história era um gigantesco mural de sangue e excremento. Em vida de Stalin, jamais ousei um suspiro contra ele. Por medo, aceitei o pacto germano-soviético. Eu sabia que a Rússia era a antipessoa, o anti-homem. Achava que o Capitalismo, com todos os seus crimes, ainda é melhor do que o Socialismo e sublinho: - do que a experiência concreta do Socialismo,

Tive medo, ou vários medos, e já não os tenho. Sofri muito na carne e na alma. Primeiro, foi em 1929, no dia seguinte ao Natal. Às duas horas da tarde, ou menos um pouco, vi meu irmão Roberto ser assassinado. Era um pintor de gênio, espécie de Rimbaud plástico, e de uma qualidade humana sem igual. Morreu errado ou, por outra, morreu porque era "filho de Mário Rodrigues". E, no velório, sempre que alguém vinha abraçar meu pai, meu pai soluçava: - "Essa bala era para mim." Um mês depois, meu pai morria de pura paixão. Mais alguns anos e meu irmão Joffre morre. Éramos unidos como dois gêmeos. Durante 15 dias, no Sanatório de Correias, ouvi a sua dispnéia. E minha irmã Dorinha. Sua agonia foi leve como a euforia de um anjo. E, depois, foi meu irmão Mário Filho. Eu dizia sempre: - "Ninguém no Brasil escreve como meu irmão Mário." Teve um enfarte fulminante. Bem sei que, hoje, o morto começa a ser esquecido no velório. Por desgraça minha, não sou assim. E, por fim, houve o desabamento de Laranjeiras. Morreu meu irmão Paulinho e, com ele, sua esposa Maria Natália, seus dois filhos, Ana Maria e Paulo Roberto, a sua sogra, D. Marina. Todos morreram, todos, até o último vestígio.

Falei do meu pai, dos meus irmãos e vou falar também de mim. Aos 51 anos, tive uma filhinha que, por vontade materna, chama-se Daniela. Nasceu linda. Dois meses depois, a avó teve uma intuição. Chamou o Dr. Sílvio Abreu Fialho. Este veio, fez todos os exames. Depois, desceu comigo. Conversamos na calçada do meu edifício. Ele foi muito delicado, teve muito tato. Mas disse tudo. Minha filha era cega.

Eis o que eu queria explicar a Marcelo: - depois de tudo que contei, o meu medo deixou de ter sentido. Posso subir numa mesa e anunciar de fronte alta: - "Sou um ex-covarde." É maravilhoso dizer tudo. Para mim, é de um ridículo abjeto ter medo das Esquerdas, ou do Poder Jovem, ou do Poder Velho ou de Mao Tsé-tung, ou de Guevara. Não trapaceio comigo, nem com os outros. Para ter coragem, precisei sofrer muito. Mas a tenho. E se há rapazes que, nas passeatas, carregam cartazes com a palavra "Muerte", já traindo a própria língua; e se outros seguem as instruções de Cuba; e se outros mais querem odiar, matar ou morrer em espanhol - posso chamá-los, sem nenhum medo, de "jovens canalhas".

RODRIGUES, Nélson. In A cabra vadia (novas confissões), Livraria Eldorado Editora S.A., Rio de Janeiro, s/data, págs. 7-10.

terça-feira, 1 de junho de 2010

SOLZHENITSYN, o exemplo, o homem, a obra.


Alexander Solzhenitsyn revela, neste século XX de tantas acomodações, de esmagamento da personalidade, a verdadeira missão do escritor em face da sociedade. Acusado, perseguido, ameaçado em sua própria Pátria, da qual revelou crimes do Poder que ali se erigiu soberano há mais de cinqüenta anos, ele aguarda, com a tranqüilidade do dever cumprido, que se cumpram os tempos em que a voz da Verdade, ainda que abafada, possa ecoar em muitos corações.

Eis suas palavras reveladoras:

“Quem fala de crimes cometidos (como ele o fez) não se opõe à paz e às boas relações entre as pessoas e as nações, mais sim quem praticou os crimes”.

Afirmou estar “preparado para tudo”, tanto ele quanto a sua família, depois das acusações assacadas contra ele na imprensa soviética, após a publicação de seu livro “Arquipélago Gulag”, no qual denuncia os sofrimentos dos prisioneiros nos campos de trabalhos forçados da URSS, e os métodos da KGB – policia secreta.

O romancista, Prêmio NOBEL de literatura, está com a sua consciência em paz. Como escritor, testemunha de seu tempo não podia ficar impassível. “Paguei minha divida para com os mortos. Estas verdades estavam condenadas à morte. Eram pisoteadas, sufocadas, queimadas até serem convertidas em cinzas. Porém, vejam vocês: sobreviveram, estão vivas, foram impressas e ninguém jamais poderá fazê-lo desaparecer”.

E acrescenta: “Durante décadas, tanto foi que se ocultou que sua revelação sacudirá todos os que não tinham conhecimento dos fatos, lhes educará o coração e lhes dará luz e força para o futuro”.

Alexander Solzhenitsyn dá, com estas palavras, o testemunho da posição que o escritor, consciente de seu papel no mundo, deve assumir diante da sociedade. Não apenas da sociedade restrita, que o obriga e o circunscreve, que o limita e condiciona, mas daquela sociedade mais vasta, informada pelos princípios eternos do respeito à personalidade, que é o conjunto de todos os homens livres.

Ele é o observador atento dos acontecimentos de sua época. Corajosa testemunha da História, que depõe para o futuro com o destemor dos crentes. Aliás, há em suas palavras o cunho místico que marca a alma do povo russo, profundamente religioso, povo messiânico apesar de todas as pressões e compreensões políticas. Ele acredita, como Cristo, que “a Verdade vos libertará”.

Por isso é que diz, em declaração que assinou, recentemente, para os jornalistas ocidentais:

“A confiança de todo o mundo em nosso país só poderá aumentar se reconhecermos que nosso passado está saturado de terror e o condenarmos com a energia necessária, e não somente com palavras vazias”.


Torrieri Guimarães – Jornalista, escritor, crítico literário. Prólogo do livro Uma palavra de verdade...de Alexander Solzhenitsyn, 1972, Hemus – livraria editora ltda.